domingo, 22 de maio de 2016

Luís Camargo - "Maneco Caneco Chapéu de Funil"



Olá!
Hoje teremos nosso último autor: Luís Camargo.


Luís Camargo é um ilustrador e autor infantil brasileiro, nasceu em São Paulo, em 1954.
Formado em Educação Artística pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e fez doutorado em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Trabalhou com teatro infantil antes de começar a escrever para este público. No final dos anos 1970 dedicou-se à educação especial e em 1982 começa a realizar pesquisas no âmbito da ilustração.
Seu livro, Maneco Caneco Chapéu de Funil, publicado em 1980, recebeu o selo Altamente Recomendável para a Criança pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).


E é dele que vamos falar hoje.
“[...] o personagem principal [...] é um boneco ‘construído' sim, de objetos do cotidiano, de coisas que não têm mais utilidade para o adulto, esquecidas nos cantos, em desuso como a infância, perdida na memória, mas que, ao serem retomadas de forma criativa e afetuosa, se revalorizam e adquirem vida. [...] Este amigo das crianças, o Maneco, nos recorda a curiosidade infantil – o desvendar dos segredos – onde armários fechados podem, com a química da imaginação, se transformar no inusitado, na arca do tesouro”. (CHIAVINI)


Além de ilustrar seus livros, Luís Camargo também é dedicou-se a estudar sobre o assunto, e publicou livros sobre o tema, como Ilustração do Livro Infantil.
Em um ensaio que ele escreveu para a Unicamp, sobre o assunto, A Relação entre Imagem e Texto na Ilustração de Poesia Infantil, ele afirma:
“A relação entre ilustração e texto pode ser denominada coerência intersemiótica, denominação essa que toma de empréstimo e amplia o conceito de coerência textual. Pode-se entender a coerência intersemiótica como a relação de coerência, quer dizer, de convergência ou não-contradição entre os significados denotativos e conotativos da ilustração e do texto. Como essa convergência só ocorre nos casos ideais, pode-se falar em três graus de coerência: a convergência, o desvio e a contradição. Avaliar, portanto, a coerência entre uma determinada ilustração e um determinado texto significa avaliar em que medida a ilustração converge para os significados do texto, deles se desvia ou os contradiz.”
Em uma entrevista para o Portal Cultura Infância, ele afirma: “é importante que a criança tenha contato com narrativas e poemas nas mais diversas formas: sob forma de canção, de peça teatral, de narração oral – com ou sem livro –, de filme, de desenho animado, programa de televisão, história em quadrinhos etc. Cada um desses meios pode revelar aspectos diferentes de uma mesma narrativa. Isso desenvolve a flexibilidade.”
Luís Camargo dedica sua carreira ao publico infantil e em aprimorar essa relação textual e imagética, para tornar o contato da criança com o mundo ainda melhor.
Espero que tenham gostado desse trabalho e tenha ajudado vocês a conhecer novos autores. E, apesar do fim do blog, gostaria de pedir que vocês não parassem de procurar novos autores, tanto infantojuvenis quanto outras. Há tantos autores surgindo todos os dias, que podem não ser famosos, mas que podem, como seus livros, mudar a nossa visão de mundo.
Boa busca!

BIBLIOGRAFIA:
- CAMARGO, Luís, A Relação entre Imagem e Texto na Ilustração de Poesia Infantil, em http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/poesiainfantilport.htm;
- SESC, Ratinho de Biblioteca: Encontro com o Escritor e Ilustrador Luís Camargo, em http://www.sescsp.org.br/programacao/36095_ENCONTRO+COM+O+ESCRITOR+E+ILUSTRADOR+LUIS+CAMARGO.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Léo Cunha - "A Girafa Vidente"




Olá! Vamos falar do autor Léo Cunha hoje.


Léo Cunha nasceu em Bocaiúva (MG), em 1966, mas mudou-se para Belo Horizonte com a família três anos depois.
Começou o curso de Economia, mas logo desistiu, e cursou Jornalismo e Publicidade na PUC-MG.
Seu primeiro texto, Em Boca Fechada Não Entra Estrela, foi publicada em uma revista, e depois transformado em livro e audiolivro. Mas seu primeiro livro publicado, em 1993, foi o Pela Estrada Afora.
Ganhou prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e Câmara Brasileira do Livro (CBL).
E é fácil compreender porque ele ganhou tais prêmios, seus poemas infantis são, além de escritos para crianças, também têm um apelo estético que chama a atenção, como no poema A Girafa Vidente:

A GIRAFA VIDENTE
Com
aquele
pescoço
comprido
espicha
espicha
espicha
a bicha
até parecia
que via
o dia de amanhã

Léo Cunha também possui Poemas Animados em seu site pessoal, como o Chute a Gol:



Quando soube do falecimento do autor Bartolomeu Campos de Queirós (que falamos aqui), ele escreveu o seguinte texto:

Bartolomeu não era meu, era nosso. De todo mundo que ama a poesia, a literatura, a leitura, a memória, o ensino, o encanto. Mas no início dos anos 80, eu tinha a impressão de que ele era só meu.
  Ele tinha publicado dois livros no início da década de 70 (Pedro e O peixe e o pássaro), mas os livros tinham saído de catálogo e desapareceram do mapa durante anos. Aí, em 1980, minha mãe fundou a Editora Miguilim e seu primeiro passo foi recuperar essas duas obras primas do Bartolomeu.
  Foram os primeiros de mais de 10 livros do Bartô que eu tive a sorte de ver nascendo e crescendo. Ciganos, Cavaleiros das Sete Luas, Correspondência, Indez, As patas da vaca e outros tantos. Eu estava entrando na adolescência e pude acompanhar (de intrometido que sempre fui) o processo de ilustração, de editoração, de lançamento.
  Além disso, eu passava todas as minhas tardes na Miguilim (que, além de editora, era uma 'casa de leitura e livraria') e o Bartô passava por lá quase todo dia, ou pelo menos foi assim que a minha memória guardou, num ato rebelde de bartolomice.
  Quando comecei a escrever, ele foi uma influência clara, descarada. Meu O sabiá e a girafa deve um bocado a O peixe o pássaro. Meu Gato de Estimação segue os passos da História em 3 atos.
  Meu estilo, se é que algum dia consegui chegar perto disso, foi fermentado numa mistura do lirismo e do 'memorialismo' do Bartolomeu com o humor e o nonsense de outros dois escritores que também foram embora cedo demais: os saudosos Sylvia Orthof e José Paulo Paes.
  Muitos anos depois, tive a honra de dividir com o Bartô dois livros: o infantil Olhar de bichos e o teórico O que é qualidade na literatura infantil e juvenil. Além de muitas conversas em lançamentos, feiras de livros, aeroportos, onde quer que a literatura infantil leve a gente. Levava.
  Como o seu personagem Pedro, o Bartô foi embora com o coração cheio de domingo. Mas os livros ficam pra todos os dias.” (CUNHA)

Em 2015, ele foi entrevistado pelo Programa Inconfidências, no qual fala de sua carreira:


Bom, ficamos por aqui!
Domingo teremos nosso último autor.
Até lá!

BIBLIOGRAFIA:
- CUNHA, Léo, Site Oficial, em http://www.leocunha.jex.com.br/;
- PROSA EM POEMA, Léo Cunha, em https://prosaempoema.wordpress.com/tag/leo-cunha/.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Ziraldo - "O Bichinho da Maçã"



Boa tarde!
Hoje vamos falar do, muito provavelmente, mais conhecido autor de nossa lista: Ziraldo.


Apesar de acreditar que ele dispensa apresentações, como de costume, teremos um breve biografia.
Ziraldo nasceu em 1932, em Caratinga (MG), e é um famoso cartunista, escritor e pintor brasileiro.
Uma de suas primeiras obras, que lhe lançou, foi a revista em quadrinhos A Turma do Pererê, nos anos 60. Durante a ditadura militar brasileira, lançou, juntamente com outros colegas, o jornal não-conformista O Pasquim.
“Fiz histórias em quadrinhos e criei a revista em quadrinhos Turma do Pererê, que era mensal e durou cinco anos (até ser extinta pela ditadura). Com essas experiências, percebi que poderia usar essa capacidade de escrever e de desenhar para fazer livros para crianças. Foi em 1969, então, que escrevi Flicts, meu primeiro livro para crianças. O livro teve o aval de Carlos Drummond de Andrade (na ocasião do lançamento, ele inclusive publicou uma crônica sobre a obra no jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro), foi muito bem recebido por adultos e crianças e fez muito sucesso.” (REVISTA CRESCER)
Lançou em 1980, o seu mais famoso personagem: O Menino Maluquinho.
“Dizem que a vida começa aos quarenta, mas achei que ela ia terminar por ali, quando os meus quarenta chegaram. E olha que esperei ainda que se passassem mais sete anos para ver nascer o livro que me transformou definitivamente num autor para crianças. O Menino Maluquinho mudou tudo para mim. Foi a partir dele que nasceu todos os outros livros meus [...].” (EDUCACIONAL)


Mas hoje não vou falar d'O Menino Maluquinho. Vou falar de outra obra dele, que você também deve ter lido durante a infância: O Bichinho da Maçã.


O livro foi editado em 1982 e conta a história de um bichinho de maçã que adorava contar histórias para os outros bichos. Este primeiro livro deu origem à coleção Bichim, que contém 12 livros.


O livro, que deve ter marcado a infância de várias crianças, tem um apelo à natureza e uma linguagem simples, que aproxima o leitor da obra.
“Já vi realmente muita gente interessante que, quando encontra o autor do livro da infância, se emociona, se comove. Percebo que quando um autor conquista uma geração, ele vive internamente no coração dessas pessoas.” (REVISTA CRESCER)
Até o próximo!

BIBLIOGRAFIA:
- EDUCACIONAL, Ziraldo, em http://www.educacional.com.br/ziraldo/;
- ZIRALDO, Site oficial, em http://www.ziraldo.com/home.htm.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Helena Armond - "Faço da Vida uma Festa"



Boa sexta a todos!
Vamos falar hoje da poetisa e artista plástica Helena Armond.


Helena nasceu em Muzambinho (MG), em 1928. Bastante conhecida na área das artes plásticas, inclusive se apresentando na Bienal Internacional de São Paulo. Passou a se dedicar também à literatura em 1983, após o falecimento de seu marido.
Deixou em torno de 19 livros publicados, entre eles infantis e para o público geral. Faleceu em 2014, aos 86 anos, em decorrência de uma doença.
Um vídeo com o uma citação da autora sobre o que ela pensa sobre ser poeta:



Um poema dela chama-se Faço da Vida uma Festa:

faço da vida uma festa
e sirvo guarapa
aos penetras

faço da vida uma farra
feira livre de trocas
ao marginal abro as portas
não espero respostas
tento que me entendam
sem necessárias contendas

a vida ? um traço longo
sinuoso e um pingo
não tenho respostas...nem ligo !
nem as procuro no umbigo

certo amigo me dizia
"você solta o foguete
e dispara atrás da vara" !!!
sim...estou certa
a fazer da vida uma festa

e...tudo mais que desejo
é poemar em cordel
minha mesa é mais festiva
tem caldo de cana e pastel

assumo que sou libertaria
é não aceito
festas determinadas
apenas as imediatas...

sigo a trilha do tigre
ando no fio na navalha
convivo com deuses ferozes
entendo a cada canalha

usado como fetiche
Deus
de costas ao mundo...
verde em chamas...não assiste

prazeres com meu papel
no ato de convidar
o Divino
a participar...
provar do pastel de sementes
do caldo verde das canas
ou mais esta !!!!
do fruto guaraná...
e...num grande encontro
façamos da vida uma festa !!!
e...
ponto.

Neste poema podemos ver um tributo às belezas naturais e a nossa cultura.
Em uma entrevista ao site luso-brasileiro Cá Estamos Nós, Helena define, de forma bem-humorada, o Brasil da seguinte forma: “minha terra é a maior do mundo em extensão dos verdes, amarelo do ouro e da luz solar, terra das frutas exóticas, cereais bíblicos, pecuária, aves... pássaros multicoloridos fontes... minérios... vales montanhas... orquídeas e sem fim flores nativas... oceanos... mares, rios navegáveis e piscosos... Clima ameno  especialmente em São Paulo Capital temos as quatro estações ao dia... Homens de boa vontade; políticos inteliGENTEs idealistas... Nossa tônica é... o bom humor; sem alienação... temos alegria, alegria, alegria e... quer um café ??? 

Espero que tenham gostado e até o próximo!

BIBLIOGRAFIA:
- JORNAL DE POESIA, Faço da Vida uma Festa, de Helena Armond, em http://www.jornaldepoesia.jor.br/harmond1.html#fa%C3%A7o;
- PENSAMENTO E REAÇÃO, Tributo a Helena Armond, em https://pensamentoereacao.wordpress.com/2014/09/17/tributo-a-helena-armond/.